Como reconhecer julgamentos: Aquilo que você vê no outro vive em você
- Livia Bueno
- 8 de abr.
- 3 min de leitura
Às vezes, é fácil nomear o que nos incomoda em alguém: "essa pessoa é arrogante", "aquele é mentiroso", "ela é egoísta".
O que isso significa?
Quando conseguimos identificar com clareza algo em outra pessoa, é porque já conhecemos bem aquele sentimento ou comportamento. Não necessariamente porque sejamos espelhos um do outro, mas porque já experimentamos aquela mesma energia ou emoção dentro de nós.
Mas você pode dizer: "eu não acho que eu seja egoísta, ou mentirosa".
Quando vemos claramente o comportamento no outro não significa necessariamente que agimos assim com outras pessoas.
Mas talvez estejamos, mesmo que sem perceber, cultivando esses comportamentos internamente, direcionados a nós mesmos.
Por que é importante reconhecer isso?
Reconhecer algo no outro não é apenas uma questão de "projeção" ou "espelho". É algo mais profundo: é a vida te convidando a trazer luz àquilo que está oculto ou mal resolvido dentro de você.
O universo se organiza de maneira sutil, colocando diante de nós situações e pessoas que despertam exatamente o que precisa ser visto, nomeado e resolvido. É como se algo dissesse:
"Olhe para isso com atenção, pois é isso que precisa ser transformado em você."
Nem sempre a questão que surge é realmente sua. Às vezes, você está sentindo e carregando algo que pertence ao coletivo, algo que pede por resolução e cura em um nível maior.

Como reconhecer seus julgamentos internos
Quando algo ou alguém te incomodar profundamente, pare um instante antes de reagir e se pergunte:
O que estou reconhecendo claramente nessa situação?
Por que consigo nomear com tanta facilidade esse comportamento?
Será que estou agindo da mesma maneira, ainda que apenas comigo mesmo?
Essas perguntas abrem espaço para uma percepção mais profunda e libertadora.
Exercício prático: Reconhecendo julgamentos ocultos
Experimente este exercício para reconhecer julgamentos com leveza, sem culpa ou julgamento:
Escolha uma situação recente em que você julgou claramente alguém. Por exemplo, você ficou profundamente incomodado quando percebeu que alguém tentou te enganar.
Respire fundo, feche os olhos, e pergunte-se: Onde em minha vida eu também faço isso comigo mesma(o)?
No início, talvez você pense imediatamente: "Eu nunca engano ninguém!". Mas observe com delicadeza:
Quando seu coração claramente pede para seguir um caminho e você escolhe outro, não está também se enganando?
Quando você ignora sua própria intuição por medo, insegurança ou pressão, não está mentindo para si mesmo?
Quando você diminui sua verdade para agradar aos outros ou por medo do julgamento, não está se subjugando?
Apenas observe essas respostas internas sem julgar-se. Ao perceber isso com clareza, você inicia uma profunda cura emocional e energética.
Perceba como, muitas vezes, aquilo que julgamos no outro está presente em nós de maneira sutil e silenciosa—mas sempre direcionada a nós mesmos.
A verdadeira libertação vem do reconhecimento
Ao acolher essas percepções, você deixa de alimentar padrões antigos e inconscientes. Essa tomada de consciência te liberta para viver de maneira mais autêntica, mais alinhada com a verdade do seu coração.
O que parecia apenas uma reação de julgamento externo torna-se agora um poderoso caminho de autoconhecimento e cura.
Lembre-se: o objetivo não é apontar falhas, mas sim iluminar com gentileza aquilo que pede para ser visto. Quanto mais você reconhece com clareza esses padrões internos, mais leve e verdadeiro se torna o seu caminho.
Porque só conseguimos reconhecer fora aquilo que, de alguma forma, já existe dentro de nós.
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